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Sinistralidade automóvel: desafios, impactos e estratégias para as organizações

07.03.2024
Sinistralidade automóvel: desafios, impactos e estratégias para as organizações
O panorama da sinistralidade rodoviária em Portugal continua atingir níveis preocupantes.  

De acordo com as últimas estatísticas divulgadas pelas autoridades policiais (PSP e GNR), em 2023, Portugal registou mais de 143.000 sinistros rodoviários, o que se traduz num aumento de 31% em relação a 2019 (pré-pandemia). 

Ao nível da gravidade, os números são também alarmantes De acordo com o último relatório de sinistralidade e fiscalização rodoviária divulgado pela ANSR, entre janeiro e outubro de 2023 ocorreram em Portugal 30.738 acidentes, que provocaram 421 vítimas mortais, 2.254 feridos graves e 36.013 feridos ligeiros. Em comparação com 2019, embora tenha existido uma diminuição de acidentes, de vítimas mortais e de feridos ligeiros, o número de feridos graves aumentou 4,8%. 

Esta realidade gera um elevado custo económico e social para o país, famílias e organizações. Recentemente investigadores do Centro de Estudos de Gestão do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa concluíram que o custo da sinistralidade rodoviária em Portugal, com todo o tipo de vítimas, representava mais de 3 mil milhões anuais. 

É sobre o risco de sinistros estradais que as organizações enfrentam que nos debruçaremos, mais precisamente, sobre a importância dos seus responsáveis desenvolverem, de forma proativa e consistente, programas de gestão de risco que visem reduzir, ao máximo, o número e a gravidade dos sinistros automóveis. 

Não fazer nada terá um custo que poderá ser insuportável. Pode ter fortes repercussões nas empresas que dependem de frotas para as suas operações diárias,  não só pelos custos diretos, resultantes das reparações, veículos de substituição, dos aumentos dos prémios de seguros pelo efeito histórico de sinistralidade, penalidades contratuais, etc, mas também, pelos indiretos os quais, embora difíceis de quantificar, são os mais expressivos, designadamente, os emergentes de constrangimentos operacionais, de perdas de produtividade, dos dias de baixa determinados por danos corporais dos colaboradores - absentismo - e, acima de tudo, os que afetam a vida, saúde e integridade física dos colaboradores.  

Perante esta tendência instalada em Portugal de agravamento da sinistralidade, é crucial que as organizações adotem estratégias abrangentes para mitigar os riscos associados a esta problemática. Colocando a temática da segurança rodoviária na agenda dos decisores das organizações, exigindo a tomada de decisões que proteja, em primeiro lugar, os seus colaboradores, as suas operações e o balanço. 

Esta estratégia deverá passar, nomeadamente, pela compreensão técnica do histórico de sinistralidade e perfil de risco específico da organização; pelo desenho e implementação de políticas de segurança rodoviária; pela promoção de campanhas de sensibilização e formação de condução defensiva; no treino regular de condutores; da monitorização da condição dos veículos; no investimento em tecnologias de segurança, como sejam, telemática, sistemas avançados de assistência ao condutor (como travagem automática de emergência e alertas de saída de faixa). 

A implementação de uma cultura de segurança rodoviária dentro da organização é crucial. O dever de cuidar da segurança e saúde dos trabalhadores e de garantir um ambiente mais seguro, é uma responsabilidade corporativa e social das organizações. E o sucesso da mesma está dependente do compromisso de todos, desde os líderes até aos colaboradores.  

Devemos estar sempre cientes que os acidentes, na sua grande maioria, não acontecem, mas sim são causados e, como tal, podem ser evitados. Um consultor de risco e seguros, pelo conhecimento profundo dos riscos, pela experiência e expertise é um importante aliado das organizações no desenvolvimento de estratégias para melhorar a sinistralidade rodoviária, oferecendo análises especializadas, identificando áreas de vulnerabilidade, propondo medidas preventivas adequadas, desenhadas à medida e em linha com as melhores práticas nacionais e internacionais. 

 


Por Pedro Pinhal, Diretor Técnico e de Sinistros MDS Portugal 
Publicado no Vida Económica