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Seguro Vida: conhecer o risco para proteger o futuro
23.05.2024
De acordo com a Google Trends, em Portugal, no ano 2023, a pesquisa do termo literacia financeira aumentou 70% face a 2022.
Tal poderá ser justificado por nos últimos três anos terem proliferado propostas de formação sobre o tema em todo o tipo de formatos, desde empresas a influenciadores e coachs, às quais se juntam planos de ação de diversas entidades do setor financeiro, bem como a edição de livros dos mais variados autores.
Atualmente, existe um acesso democratizado à informação, o que deveria traduzir-se numa população mais esclarecida e informada e, assim, dotada de capacidade para a tomada de decisões financeiras. No entanto, o resultado do 4.º Inquérito à Literacia Financeira apresentado pelo Conselho Nacional de Supervisores Financeiros, coloca Portugal em 13.º lugar de um grupo de 39 países no indicador de literacia financeira global, o que demonstra que ainda há um longo caminho a percorrer.
Num mundo onde as decisões financeiras têm um impacto significativo nas nossas vidas, a literacia financeira, entendida como a capacidade de compreender como ganhar, gastar, poupar, gerir e investir dinheiro, assume-se como uma competência essencial. Mais do que a simples compreensão do valor do dinheiro, envolve o entendimento dos princípios básicos de gestão financeira, investimento, planeamento para o futuro, gestão de risco e tomada de decisões informadas.
E qual é o papel dos seguros de vida risco? Ao adquirirmos um seguro de vida estamos a gerir um risco, investindo num apoio financeiro para o núcleo familiar em caso de morte ou invalidez. O que pode significar a capacidade de assegurar os compromissos financeiros, manter o padrão de vida e garantir a educação dos filhos.
Em Portugal existe um fenómeno que se denomina de "protection gap”. Não é exclusivo de Portugal, mas é pertinente na nossa realidade, e significa que existe uma grande distância entre os seguros que as pessoas têm e os seguros que as pessoas deveriam ter.
Exemplificando: uma família com dois filhos em que somente um dos progenitores, com 50 anos de idade, trabalha e tem um rendimento líquido de 1.500€ e despesas fixas mensais de 1.300€, que incluem arrendamento, despesas com a habitação, alimentação, viaturas e ensino.
A decisão acertada deveria ser a de efetuar uma poupança mensal flexível de 180€ e investir 20€ num seguro de vida que assegure a proteção financeira da família com um capital de 100.000€ a partir do momento da emissão da apólice ou, em alternativa, efetuar uma poupança mensal fixa no valor de 200€ para criar uma almofada financeira, que se traduz, no final de um ano, em 2.400€ acrescidos de eventuais juros
A ausência de um seguro de vida traduz a "protection gap” da família, o nível de literacia financeira irá permitir tomar a melhor decisão para a proteção financeira da estrutura familiar.
São diferentes as possibilidades que o seguro de vida proporciona não só para as famílias, como também para as empresas, destacando sua versatilidade e importância no planeamento financeiro.
Para Familias:
Proteção financeira em caso de Morte/Invalidez: Este é o benefício mais conhecido do seguro de vida. Em caso de morte/invalidez da pessoa segura, é paga uma indemnização que contribui para amenizar financeiramente a perda de rendimento, assegurando o cumprimento dos compromissos financeiros.
Pagamento de créditos: Quer se trate de um crédito habitação, automóvel ou ao consumo, o seguro de vida é uma forma de garantir que o pagamento de dívidas fica assegurado.
Garantia de Educação: Muitas vezes, os pais optam por um seguro de vida para garantir que seus filhos tenham acesso à educação, mesmo na sua ausência. A indemnização pode ser usada para pagamento de mensalidades escolares, despesas com livros e outras necessidades educacionais.
Para Empresas:
Proteção para Sócios: Em empresas com múltiplos sócios, o seguro de vida pode ser usado para proteger os interesses financeiros dos sócios em caso de morte de um deles. A indemnização do seguro pode ser usada para comprar a participação do sócio falecido, garantindo a continuidade do negócio.
Pessoa-Chave: Existem empresas que dependem de pessoas chave cujas capacidades e conhecimentos são fundamentais para o sucesso da empresa. O seguro de vida pode ser adquirido sendo a empresa tomador e beneficiário, e o colaborador chave, pessoa segura, garantindo que a empresa tem os recursos necessários para continuar a operação em caso de perda desse colaborador.
Benefício para Colaboradores: Oferecer um seguro de vida como parte dos benefícios aos colaboradores é uma estratégia eficaz para atrair e reter talentos. Além de fornecer proteção financeira para os colaboradores e respetivas famílias, isso demonstra o compromisso da empresa com o bem-estar dos seus colaboradores.
Os seguros de vida desempenham um papel vital na proteção financeira das famílias proporcionando a escolha de garantias e coberturas alinhadas com a necessidade identificada. No entanto, a sua eficácia só pode ser totalmente realizada quando combinada com um nível adequado de literacia financeira.
Ao entender os princípios básicos da gestão financeira e os diferentes tipos de seguros de vida disponíveis, é possível tomar decisões informadas que garantam um futuro seguro e financeiramente estável para a estrutura familiar. Investir em literacia financeira é investir no futuro - um futuro onde todos podem tomar decisões com confiança e segurança financeira.
Por Sandra Calejo, Coordenadora Vida e Pensões da MDS Portugal
Publicado no Vida Económica